11.10.15

Discursos y Retórica

Dualidades do discurso

Algumas características do discurso são determinadas por dualidades como  as apresentadas na seqüência.

O discurso oral e o escrito

O discurso oral e o escrito têm particularidades que os fazem diferir. Vejamos algumas características inerentes a um e outro.
No discurso oral não existe a possibilidade do retorno do discurso, exceto se o receptor pedir ao emissor que o faça, o que não é possível em discursos sem retorno. Contrariamente, no discurso escrito o leitor pode retornar a uma parte do texto que não tenha compreendido. Este fato geralmente faz com que os profissionais da palavra, como os que atuam no telejornalismo coloquem nos discursos orais uma taxa maior de redundância que a usada no escrito, para suprimir as deficiências de assimilação do receptor.
No discurso oral está presente a entoação, que acrescenta à comunicação um segundo código, e em alguns casos também o gestual, um terceiro código. Na maioria dos casos o emissor de um discurso oral lança mão dos recursos gestuais e entoativos de comunicação. É raro alguém falar como se escrevesse, abstraindo a entoação. Na escrita, porém, a entoação e os gestos têm de ser abstraídos, em função das limitações da escrita para reproduzir o entoativo e o gestual. No discurso oral temos uma comunicação com três códigos sobrepostos e na escrita, dos três códigos, persiste apenas o lingüístico, que é modificado pela edição.

O discurso formal e o informal

A formalidade e a informalidade são categorias sociológicas que exercem sua influência na forma do discurso. A formalidade do discurso é uma característica relativa, pois não existe discurso absolutamente formal. Normalmente diz-se que um discurso é formal quando sua formalidade, está acima da média dos demais discursos.
Existem padrões sociais de excelência de comportamento, extensivos também ao modo de discursar, que em certas ocasiões são mais adequados que em outras. Alguns padrões de excelência para o discurso formal.
  • Supressão do chulo e de outras palavras tabu é básica para o discurso formal.
  • Supressão das anomalias formais. No discurso formal não pode haver solecismos, ambigüidades, barbarismos, etc.
  • Segurança: deve-se eliminar a hesitação, o anacoluto, o equívoco.
  • Respeito ao idioma-padrão. No discurso formal são vedadas especialmente as variantes populares.
  • Precisão, clareza, organização e outras características consideradas virtudes de estilo são exigidas no discurso formal.
  • No discurso oral, exige-se boa dicção, bom volume de voz, nem alto nem fraco.
Em oposição ao discurso formal, típico das situações de relacionamento social em que se cobra alto desempenho do emissor, se coloca o discurso informal, típico das ocasiões distensas do convívio social. O informal caracteriza-se por uma certa tolerância com o que o formal reprova.

O discurso espontâneo e o elaborado

A diferença básica entre esses discursos é que no primeiro a emissão ocorre concomitante à codificação e no segundo há uma defasagem de tempo entre a codificação e a emissão, o que permite os processo da revisão e da versão.
São características do discurso espontâneo: retificação, hesitação, redundância, imprecisão, desconexidade, desorganização, anacolutos, equívocos e impropriedades.

O discurso público e o privado

O discurso privado tem um destinatário único, definido. Contrariamente, o discurso público tem um destinatário indefinido, coletivo. Em função disso, algumas características diferenciam um do outro.
No discurso público há diversas maneiras de supor o destinatário. Existe a suposição que faz a abstração máxima do receptor, tratando-o como uma entidade sem atributos, exceto o de ser receptor.
Existe a suposição de vinculá-lo a um grupo, o que lhe dá alguns contornos de definição.
Existe a possibilidade do tratamento impessoal, comum, por exemplo, no jornalismo mais sisudo e existe a possibilidade de um tratamento mais pessoal, como é comum na publicidade.
Existe a possibilidade de abstrair as características mais particulares do receptor ou então arbitrai-las. Um exemplo desse arbítrio ocorre quando um apresentador de televisão diz: ‘Você, telespectador, aí sentado em sua poltrona.’ O apresentador está se fixando na idéia de que é típico assistir televisão sentado numa poltrona. Mas é claro que há espectador assistindo ao programa em pé, deitado, na banheira, etc. O arbítrio geralmente se baseia em suposições de tipicidade.
No discurso público é comum não se fazer referências ao contexto do receptor. Em certos, casos essas referências são arbitradas nos mesmos moldes com que se faz o arbítrio das características do receptor.
Impessoalidade: É a característica do discurso em que são abstraídas ao máximo as características do receptor e do emissor, em que não se faz referência ao contexto que os circunda, opta-se pelas formas gramaticais menos ligadas à pessoa.

Discurso com retorno e sem retorno

O discurso com retorno é aquele em que receptor e emissor interagem mutuamente. Eles trocam de papéis constantemente ao longo do discurso, que neste caso passa a condição de diálogo. Algumas características desses:
  • No discurso com retorno são comuns as ocorrências fáticas.
  • No discurso sem retorno o emissor tem que se preocupar bem mais com a clareza, a precisão, a comunicabilidade em geral, pois não há possibilidade de confirmar a transmissão.
  • No discurso com retorno são comuns referências ao contexto circundante.
  • No discurso com retorno é mais abundante o uso de apóstrofos e vocativos. O discurso torna-se mais pessoal.
  • No discurso com retorno é mais abundante a presença de elipses drásticas, que se tornam previsíveis em função da maior contextualização do discurso.

Discursos antípodas

Vamos analisar as diferenças entre dois casos extremos: o discurso falado espontâneo informal privado e com retorno versus o escrito elaborado formal público e sem retorno
A seguir, uma listagem das características que diferenciam a forma mais distensa do discurso de sua forma mais tensa . Citaremos as características típicas do discurso falado espontâneo informal privado e com retorno que são opostas à forma mais tensa:
  • Abundância de interjeições e outras manifestações de uso expressivo;
  • Retificação do discurso;
  • Anomalias discursivas;
  • Hesitações;
  • Desconexidade;
  • Elipses drásticas;
  • Equívocos;
  • Desorganização;
  • Fusão do discurso lingüístico com o entoativo e o gestual;
  • Imprecisão;
  • Induções fonológicas espontâneas;
  • Ocorrências metalingüísticas;
  • Redundância;
  • Referências ao contexto circundante;
  • Uso de variantes de pronúncia distintas do idioma-padrão;
  • Uso de anacolutos;
  • Ocorrências fáticas.  

 

Retórica da oratória

Oratória é a arte do discurso público em tempo real. No discurso oratório é marcante a característica performática. Não basta que ele tenha sido bem planejado, bem redigido, tem de ser bem emitido.

O orador tem de zelar pela sua aparência, pois o ouvinte pode fazer uma transferência icônica a partir da aparência do orador para o conteúdo do discurso. A imagem do orador deve despertar na platéia a impressão por ele premeditada.

Para isso, o orador precisa conhecer as expectativas de sua platéia e se beneficiar disso. Esta regra, de moralidade duvidosa, faz a oratória, em certos casos, parecer uma arte de dissimulação.
Defeitos que devem ser evitados
  • Titubeio: prejudica a imagem do orador. O receptor associa o titubeio à insegurança de personalidade.
  • A velocidade inadequada de entoação, muito lenta ou muito rápida, influi na comunicabilidade. A velocidade ideal é conseguida com a prática.
  • Pronunciar expressões cuja única função é preencher a lacuna de um titubeio. Exemplos: ‘né’, ‘hum’, ‘ahn’. Por vezes, repetem-se as últimas palavras que antecederam o titubeio.
  • Má dicção: é a pronúncia inadequada dos fonemas, que não resultam nítidos ao ouvido do receptor.
  • Pausas de pronúncia que não coincidem com pausas sintáticas. Caso notável é a pausa provocada por falta de ar.
  • Problemas de qualidade da voz: fanhosa, muito aguda ou muito grave.
  • Volume muito fraco ou muito intenso da voz.
  • Uso de variantes de prosódia conotadas pejorativamente pela platéia.
  • Predomínio dos recursos de entoação e gesticulação. É o código lingüístico que deve predominar.

Fuente: Palavras sobre palavras, en:
http://radames.manosso.nom.br/linguagem/retorica/retoricas/retorica-da-oratoria/

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